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Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023
Resumo: 554-2

554-2

PARAÍSO AMEAÇADO: EFLUENTES DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO COMO FONTE CONTAMINANTE DO PARQUE NACIONAL DE JERICOACOARA

Autores:
Jardielen Chaves Sousa (IFCE - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ) ; Antonio Lucas Rocha Santos (IFCE - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ) ; Cassiano Ricardo de Souza (IFCE - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ) ; Edmo Montes Rodrigues (IFCE - INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO CEARÁ)

Resumo:
A Lei nº 9.985/2000 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e inseriu a categoria de Parque Nacional no grupo das Unidades de Proteção Integral. Em 2002 o Parque Nacional de Jericoacoara foi criado e seus limites foram redefinidos em 2007 para ajustar a localização da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Vila de Jericoacoara, que tangencia a área do parque. O esgoto tratado na ETE é dispensado sobre o solo arenoso para percolar no solo. Durante a estação chuvosa ocorre saturação de água no solo dificultando a percolação do efluente tratado. Como resultado o efluente adentra ao parque e forma um curso d’água que ao se juntar com outros desagua no mar após passar pela área posterior da Duna do Pôr do Sol, famoso ponto turístico local. Com o objetivo de avaliar a qualidade microbiológica do efluente que adentra ao parque e outros três pontos a jusante foram realizadas coletas de água em quatro pontos no mês de maio/2023. Em cada ponto foram coletadas também amostras de solo (0-5 cm) na margem influenciada pelo curso d’água e solo marginal alguns centímetros mais distantes, sem influência direta do curso d’água. Amostras de água foram utilizadas para análises físico-químicas de pH e condutividade e microbiológicas por meio da técnica dos tubos múltiplos para determinação do número mais provável de coliformes totais (CTot) e termotolerantes (CTer). Amostras de solo foram utilizadas para análise de matéria orgânica. Os resultados demonstram que o efluente que adentra ao parque contém densidade de CTot maior que 1.100 células.mL-1, enquanto CTer ocorrem em densidade de 1.100 células.mL-1. Em seguida ocorre redução da densidade de ambos os grupos microbianos nos três seguintes pontos, sendo maior que 110 células.mL-1 para CTot e igual a 21 células.mL-1 de CTer no primeiro ponto a jusante. No segundo ponto a jusante houve registro de 110 células.mL-1 para CTot e 4,3 células . mL-1 de Cter. Por fim, no ponto localizado na parte posterior da Duna do Pôr do Sol, houve registro de 24 células.mL-1 para CTot e 2,1 células.mL-1 de CTer. O pH da água variou entre 7,9 e 9,1, com menor valor para o efluente na entrada do parque e o maior valor para o terceiro ponto a jusante. A condutividade foi maior para o efluente entrando no parque (1,33 mS) e no primeiro ponto (2,02 mS) a jusante, enquanto no segundo (0,74 mS) e terceiro (0,65 mS) pontos a jusante houve redução. Dentre as análises para matéria orgânica no solo, a maior discrepância ocorre entre o solo marginal (17,72g/Kg) afetado pelo curso d’água com relação ao solo não afetado (7,97g/Kg) no ponto atrás da Duna do Pôr do Sol, provavelmente em virtude do visível crescimento de micro-organismos fotossintetizantes na superfície do solo, já que o entorno possui solo arenoso característico de ambiente de dunas. A entrada de efluente da ETE na área do parque coloca em risco a preservação de ecossistemas locais, conforme determina o Art. 11 da Lei n.º 9.985/2000. Os resultados indicam que, embora tenha sido registrada redução do número de coliformes termotolerantes até a chegada ao último ponto de coleta, localizado a poucos metros da praia, a entrada do efluente na área de proteção ambiental ocasiona a contaminação microbiológica ao longo do curso de água que se forma durante a temporada de chuvas. Tal fato pode favorecer a redução da qualidade da água para atividades recreativas que ocorrem tanto na localidade do último ponto de coleta como também na praia local.

Palavras-chave:
 Coliformes, Unidade de Conservação, Balneabilidade, Contaminação


Agência de fomento:
Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico